26 de março de 2011

COLONIA DA METRÓPOLE

Ela que tira notas melhores que as minhas. Ela que não precisa mais de mim

Eu que mudo a conduta

Eu que legalizo o poder.

Ela que se equipara a mim

Eu que me igualo ao homem.

Eu que tendo a porcentagens, conto letras, evito os números

Ela que é muitas em uma

CAIO PRADO JUNIOR

Ela que é quem nem Balzac poderia prever.

Ela que controla a conduta , que educa para a luta

Ela que entrelaça interesses

Eu que sou colônia da metrópole

O marco educativo que ensina que os índios também punham a educação em pauta

Eu que me encaixo no sistema, que temo a história

A massificação da individualidade

A criação do nada.

Eu que peneiro a chuva e emolduro os pingos , eu que canto silêncios

Eu admito o não eu, o não ser, o quase existir.

NOTA

A partir de hoje, postarei diariamente alguns textos, que escrevi tempos atrás.

Muitos deles sintetizam meu estado de espirito, minhas crenças, meus medos, meus amores, desamores.

Eu olho as paredes rabiscadas com minha larga letra, meus desenhos desinformes, meu esmalte descascado, sinto cheiro de queimado.

Nem sinto mais vontade de escrever.
Sinto vontade de sentir.

Tenho vontade de como Cibele Dorsa pular da janela do meu apartamento.

Não quero voar, quero a sensação de atrito, o desconforto, o morto.

Eu , eu que sou COLONIA DA METRÓPOLE,

18 de março de 2011

compondo meu dia, decompondo minha alma.






feeling:
Ouvindo a Maglore hoje, e pensando em CASABLANCA, um de meus filmes favoritos.
Botão repeat ligado na música DESPEDIDA da Maglore .

cabeça longe, em anos passados, nas possibilidades de um futuro incerto.
São Paulo, 18 de abril de 2011, uma historiadora (pretensiosamente) volta para casa, o ônibus lotado, a vida passando pela janela, fragmentos de IMPOSSIBILIDADES, de amores perdidos em esquinas, lembranças de chão de cozinha, de sofá perto do amanhecer.

posso não saber o que quero pra VIDA, mas sei o que NÃO QUERO pro meu AGORA.

E o Caio F., O Teago Oliveira e sua turma (MAGLORE), Ilsa e Rick (CASABLANCA)
compondo meu dia, decompondo minha alma.



[...] Cansado, cansado. Quase não dormi. E não consigo tirar você da cabeça. Estou te escrevendo porque não consigo tirar você da cabeça. Hesito em dizer qualquer coisa tipo me-perdoe ou qualquer coisa assim. Mas quero te contar umas coisas. Mesmo que a gente não se veja mais. Penso em você, penso em você com força e carinho.
E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça. Com requintes, com sofreguidão, com textos que me vêm prontos e faces que se sobrepõem às outras. Para que não me firam, minto. E tomo a providência cuidadosa de eu mesmo me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também. Não queria fazer mal a você. Não queria que você chorasse. Não queria cobrar absolutamente nada. Por que o Zen de repente escapa e se transforma em Sem? Sem que se consiga controlar. [...]

Te escrevo com um cigarro aceso e uma xícara de chá de boldo. A escrivaninha é muito antiga, daquelas que têm uma tampa, parece piano. Tem um pôster com Garcia Lorca na minha frente. Um retrato enorme de Virginia Woolf. E posso ver na estante assim, de repente, todo o Proust, e muito Rimbaud, e Verlaine, Faulkner, Ítalo Svevo, William Blake. Umas reproduções de Picasso. Outras de Da Vinci. Um biscuit com um pierrô tão patético. Uma pedra esotérica ainda de Stonehenge, Inglaterra, uma caixinha indiana. Todos os meus pedaços aqui.

E você não me conhece, eu não conheço você.






Te escrevo por absoluta necessidade. Não conseguiria dormir outra vez se não te escrevesse. [...]
Fiz fantasias. No meu demente exercício para pisar no real, finjo que não fantasio. E fantasio, fantasio. Até o último momento esperei que você me chamasse pelo telefone. Que você fosse ao aeroporto. Casablanca, última cena. Todas as cartas de amor são ridículas. Esse lugar confuso de que fala Caetano. E eu estava só começando a entrar num estado de amor por você. Mas não me permiti, não te permiti, não nos permiti. Pedro Paulo me dizendo no ouvido "nunca vi essas luz nos seus olhos".


Estou te querendo muito bem neste minuto. Tinha vontade que você estivesse aqui e eu pudesse te mostrar muitas coisas, grandes, pequenas, e sem nenhuma importância, algumas.






10 de março de 2011

HOJE EU QUIS.



Esses tem sido dias dificeis.

eu choro, eu sinto falta dos outros, eu me recordo de tempos bons, eu me sinto vazia.

Hoje amanheceu de novo, hoje eu faltei de novo na faculdade, e é provável que falte no trabalho, hoje o mundo já me julgou, já me condenou, hoje eu já chorei, já li o que escrevi, já escrevi sobre o que li.
Já estudei Braudel, a o Movimento dos Annales, já lá o DOSSE, e já aprendi mais sobre BLOCH.
Hoje eu já tive vontade de me jogar da ponte, na frente do carro, de ficar sozinha e não ver ninguém.

Eu moro numa casa, onde todos seus moradores se encontram hoje, onde todos seus moradores, apesar de terem o mesmo sangue que o meu , me parecem estranhos.

Eu não sei quem são, ou talvez não saiba quem eu sou.

Hoje eu já tive a certeza, de que preciso de ajuda psiquiátrica.
Hoje eu já quis que o mundo explodisse, que todos sumissem.
Tive vontade de extrapolar todos os limites, estabelecer novas regras limites, tive vontade de falar de amor, e de não guardar rancor.

Mas a dor ainda tá aqui , e o amor também.

QUEM VAI VIR RECEBER?
QUEM VAI ME RECEBER?
QUEM VAI ME ESPERAR NO AEROPORTO?
QUEM VAI ME NEGAR UM BEIJO, ULTIMA CENA DE CASABLANCA?

3 de março de 2011

NÃO, NÃO NÃO. E WANDER WILDNER E REPLICANTES.

A dor que incomoda, a dor que consome.

Posso sentir o suco gástrico corroendo lentamente a minha parede estomacal. Posso sentir o cheiro de esgoto, posso ver a cor amarela, o líquido escorrendo.

Eu comi uma parte do meu dedo, e agora ele queima. Foi bom. Numa atitude antropofágica eu me consumo a fim de que outros não me consumam, eu tomo parte de mim, a fim de que ela permaneça aqui.

Sinto falta de algo não nomeável, e acho que já escrevi tudo quanto podia, quanto devia.

Eu te vejo tarde da noite no ponto de ônibus, esperando seu ônibus? Esperando seu amor? Esperando seus pais, amigos, namorada? Eu te vejo.

E a janela reflete minha imagem sentada, te olhando, te esperando, pensando e repassando por cada lugar que a sua mão passou em meu corpo; sentindo as mesmas sensações na poltrona do ônibus.

A chuva continua grosseira, a vida continua grosseira, você continua grosseiro. E a vontade de ter-te também continua grosseira, e mais que grosseira. Mas o que resta depois da grosseria que cometi de te possuir entre amigos, de tentar um beijo, de rejeitar suas desculpas.

O que resta depois que de por sua cabeça em meu colo, o que resta depois de beijar-lhe a face, o rosto; o que resta depois de dar-te a mão, adormecer ao teu lado.

Eu te pedi um beijo que você negou, eu te pedi a mão e você a tirou, eu pedi um sinal de apoio e você se virou, eu pedi um adeus, você se calou, me culpou.

E o que resta de tudo isso é a sensação de que paira um grande ‘xis’ em tudo o que vivi.

E naquele paraíso eu ainda pensei em você, e naquela poltrona eu ainda te quis ao meu lado, e na descida daquela escada, eu ainda assim queria que você erguesse a mão em sincronia comigo a fim de alcançar o teto.

E ainda assim eu quis dividir com você meus discos, meus livros, meus amigos, minha cama, minhas mãos, meu lugar no bar, minha cerveja, meu maço.

E aquele moço de branco me seduziu, mas você me dominou. Me ganhou, me mudou.

E o que resta agora, além de olhar pra você no ponto de ônibus, tarde da noite, torcendo pra que você esteja lá amanhã no mesmo lugar?








NOTA: O MAIS DIFÍCIL , É DAR NOME AO TEXTO, NOME AO SENTIMENTO QUE DE MIM EMANA, NOME AO QUE VIVI, E AO QUE GOSTARIA DE VIVER.