23 de julho de 2011

a porta aberta

e eu aqui. 
sábado.
noite fria. eu aqui sozinha. 

eu ouço 'música pra homem' , e sento com as penas abertas. 
eu rio baixo. 

e eu tenho um segredo pra contar. 
. eu faço parte de um clube. 
. o clube dos canalhas. 
rs rs 

 ' não há nada de extraordinário na situação, 
o segredo do sucesso é a moderação, ter um dia sim, um dia não. '

 ' se não há nada que abale a sua paz, nasceu sabendo como é que se faz.’

e as pessoas contam suas histórias. 
e eu as escuto. 

e tenho vontade de abraça-las , cuidar para que nenhum mal volte a ocorrer. 
e cuido, abraço, choro, consolo. e apunhalam-me. 

e eu perdoo. finjo que não fui atingida. 
e eu sorrio entre lágrimas. 
e eu fujo, insisto, minto. parto. 


e eu odeio. e eu sofro. eu sinto a dor do mundo, nas pontas dos dedos, nos lábios frios, no vento que me toca. 

e quando anoitece, eu temo, eu tremo de medo, de frio. 
e eu me refugio no quarto, nos livros, nas músicas , nas vírgulas e nos pontos. 

eu temo, deixar ir. 
eu temo não saber o segundo seguinte. 
eu sigo nas adivinhações diárias, jogando cartas , búzios. 
esperando que um dia o Zé vire Rei. 

eu leio a borra do chá, eu compro um varinha. 
condão. eu digo mentiras, chamo-as de inverdades. uso eufemismo. 
pra não dizer: TE MATAR. 

digo TE ESQUEÇO. 

e eu não sei escrever. 
e eu vou pro bar. 
e eu não sei escrever. 
e eu escrevo pelas madrugadas, 
perco os óculos, a base, o chão, os riffs. 

e eu escolho as cores, colorindo o boteco preto e branco, manchando-o com borrões vermelhos. 

eu assisto desenho animado, 
deixo a porta aberta. 

você pede que eu a feche. 
presságios. 

devia ter fechado a porta do meu coração naquele instante. 
devia ter dormido do meu lado do tapete, 
visto meu desenho favorito pela 32ª vez, gritado, comido meu pão de queijo. 

aprendi com você 

a não dividir sofás , pães de queijo, tapetes. 
aprendi a fechar a porta. 
a emperra-la. 

eu me preocupo com o tamanho do texto, mas não me preocupo se você um dia vai lê-los. 


 - penso em : 
no dia de partida, da despedida
te entregar meus escritos, enrolados e unidos por um barbante. 

e eu recuso uma dança, e eu te olho de canto, e eu canto alto , e eu minto alto:

escrevendo com batom vermelho, na porta que continua aberta
o que só você sabe ler. 

mesmo que mude.

e eu choro.
e eu só escuto as musicas que me lembram você.

e eu me torturo.
sodomização.

e eu gosto, gosto de cada lágrima, cada parte que me dói.
e eu insisto.
e eu sangro.

eu sofro como Ele sofreu.
e eu olho pro meu umbigo, e eu minto. sorrio.


e eu corro, viro a esquina, pulo janelas e cercas.
e eu subo em árvores, corro pelos campos, me jogo na grama.

eu eu vou a festas, tento parar.
mas já é muito tarde.

e eu me perco na minha própria escuridão.
e eu seleciono cautelosamente a set-list , e eu me molho com as minhas melhores lágrimas, me limpo das minha mais sujas cagadas.
e eu canto as mais belas palavras de caixo calão.

e eu peco, me confesso aos beijos.
e no confessionário eu peco. o padre me pedindo pra ficar. pra pecar.

e eu crio , quase sem medo daqueles que me lerão , me julgarão.

e eu paro a musica, prendo a respiração.
e por um milésimo de segundo, é quase bom viver.
eu quase paro de respirar, e é bom. e eu gosto.


e eu sinto, e eu bebo cerveja de canudinho.
e eu mascaro., e eu masco as dores, despojo-me das vestes, da hipocrisia , eu incomodo.


e eu canto clichês.
e eu termino a frase do ouvinte.
e eu fantasio nua, eu rodo nua,
vestida apenas com a verdade e lágrimas e eu incomodo. e eu gosto.
e é bom viver.


e eu  canto refrões antigos. e eu espero você ir embora pra chorar, e eu sinto, e eu grito, bebo, grito, choro antes que se vá.


eu eu canto musicas praianas, e eu surfo na lama.
e eu conto meus segredos mais secretos para o bar inteiro.

conto meus segredos, a todos.
não quero lembrar que compartilhei-os com você, não quero lembrar de estrelas coloridas, não quero lembrar de dias quentes.

não quero lembrar de dias quente, de mãos dadas, de beijos apaixonados, de promessas não cumpridas.

e sempre muda e sempre acaba.

20 de julho de 2011

essa dor que não é só minha.


Por que eu escolho cuidadosamente a roupa com que vou dormir, por que mesmo sabendo que ninguém vai me ver nesses trajes, mesmo trancando a porta, fechando a Corte, girando a chave, eu me importo.
Por que eu corro pra escrever, antes que a ideia se esvaia, e ela se vai, esvaindo-se pouco a pouco, a cada palavras, a cada vírgula.


Penso no frio, logo, posso senti-lo.



Eu escrevo aos poucos, eu sou aos poucos. Eu vou vivendo aceleradamente, meu modo de viver, não respeita, meu ser, meu eu, meu tornar-se.
Eu respiro rapidamente, eu corro, eu grito, eu rio alto, eu sou tudo, eu me sinto nada.
As coisas já não satisfazem-me mais, eu vivo, mas a vida não me atrai, não me basta, eu quero mais. Mais do que a vida pode proporcionar?
Perigosa frase, perigosa colocação, peço em pensamento que o deuses me perdoem, me dirijam, se omitam.





Me nego, me nego, eu ouço a voz baixa do cara saindo das caixas, eu penso na luz apagada, eu penso no ultimo final de semana.




Dormi com um cara. Enquanto escorriam lágrimas de meus olhos, ele entrava e saia de mim.
Não era por ele que eu chorava.
Não é por ele.




E eu sento na mesa do bar.
E as cores alternam-se em contraste com a tristeza dos presentes, uma música alegre insiste em perturbar.
Eu escorrego pela cadeira, e olho o céu.
O céu muito azul, muito escuro, há uma árvore, as flores de cores fortes,
penso em Frida Kahlo e em suas cores, em suas coxas e coragem.
Penso no casal aos abraços, penso no olhares indiscretos, nos sussurros, em quartos com estrelas no teto.


Tenho medo.


Guardei as cores dentro de mim por semanas até expo-las .
Chorei, gritei, fumei, bebi, dormi.
Fingi.


Fingi não ver, olhei pro céu e vi flores de cores fortes.



Eu quis morrer.
Um suicidio coletivo, uma amiga sugere entre risos.
Eu rejeito a ideia antes mesmo de analisa-la.
Algo na coletividade me incomoda.
Não entendo, nem aceito as dores do mundo, as dores alheias.
Eu sofro, e minha dor me parece tão mais languida, tão mais dolorida, tão mais importante (?). O mundo me parece tão mais injusto,.

essa dor me parece não minha, tão conhecida, essa dor que não é só minha, a dor que sofro sozinha.

10 de julho de 2011

aprimorando a arte de errar.

domingo.

e eu escuto aquelas músicas que me mantiveram viva, que me fizeram sentir o amargo da vida, me deram força pra levantar, caminhar, acreditar, cair novamente, cometer os mesmos erros.

eu aprimorando a arte de errar, quase com perfeição cometo os mesmo erros.

é dificil ouvir cada uma das frases, sem sentir vontade de gritar, gritar e tirar tudo isso de dentro.

tudo isso.

talvez tudo isso, nunca tenha sido tudo, de fato. Talvez nada esteja perdido.

talvez quem tenha saído perdendo, foi ele.
talvez quem tenha de fato se magoado, não tenha sido eu.
talvez eu esteja no caminho errado.

talvez precise de uma mapa.

a vida tem mapa?
eu tenho mapa astral.

acredito nos astros.

a propósito, estou lendo um livro sobre mitologia grega.
interessante, saber o que antecede os deuses, o Caos, o Destino.

O Destino, até mesmo os deuses O temem.

coloco-O em letra maiúscula , pois sim acredito em DESTINO.

acredito que seja ELE quem nesse momento rege , cada palavra escrita.
e as não ditas.

eu 'lemisnkando' dia desses, me confundi entre luas, ruas, erros e estrelas no cinema.