30 de maio de 2013

Auto- retrato aos 21 anos

nasceu em mil novecentos e noventa e um  na capital paulista .
solteira , sem filhos , cheia de vícios .
a altura é indiferente . o peso , os quilos : tenta não pensar .

andaria por quilômetros sem fim se soubesse o que iria encontrar .
como não sabe, não anda . espera .

não gosta de  n i n g u é m , como um      n a r c i s o    i n v e r t i do    ; nas horas vagas misantropa .

fala alto, e como diria Caio F. : 'Um dia de monja, um dia de puta, um dia de Joplin, um dia de Tereza de Calcutá'

Usa óculos e tem todas as imperfeições possíveis .
não largaria seus erros à perfeição .

come demais , não gosta de café ou chocolate .
e   não   trocaria   um   sorvete   de   flocos   por   você . ou por ninguém .

vive a música . sua vida tem trilha sonora, onde as velhas canções nunca ouvidas insistem em tocar .

os russos a fascinam .   tem inveja de   D o s t o i é v s k i    e queria um dia de    R a s k ó l n i k o v    .
 um algoz , uma vítima .

escreve demais , expõe demais sua vida, e até acredita que alguém lhe espera na (Fila do pão) .
lê demais , bebe demais , pensa demais , erra demais .

é apartidária . odeia expressões como 'movimento' e 'cena', acha que o ser social é solitário ou deveria ser .

mau-humorada, incrédula . crente .
crente na vida e 'na sorte de um amor tranquilo com gosto de fruta mordida' .

a coerência é tudo aquilo que não possui . o que não tem nome é tudo aquilo que espera . 

sem acasos , sem clichês , sem toda aquela felicidade de comercial de margarina .

prefere um domingo cinza , um dia frio, um chá quente na cama , um romance russo e Fiona Apple tocando na vitrola .

então o que não foi , não precisa mais ser . 



dezoito de outubro de dos mil e doze

.

Nenhum comentário: