a tarde fresca , as janelas abertas , a cortina balançando com o vento .
a cama repleta de folhas e livros , o fone alto , e você cantarola canções de amor .
e assim você passa a tarde , a vida, escrevendo palavras soltas , sem que nada necessite de sentido , você descalça , sente o chão gelado , sente o sol no rosto , vê a rua deserta e o trem passado ao fundo do quadro , do quarto.
a vida como uma pintura abstrata .
nada definido .
nada
tudo .
nada definido .
nada
tudo .
sem perdas .
sem vitórias , só o aperto no peito e a vontade de viver , de que o tempo não passe , de que o relógio desacelere .
e ele desacelera , a melodia lenta , as palavras , os passos , compassos .
o ritmo da chuva , dos pingos , e do raio de sol .
o ritmo da chuva , dos pingos , e do raio de sol .
o ritmo das batidas do seu coração .
e ele bate lento , você respira lentamente , sua pulsação é quase imperceptível e você então não se aguenta em si e ri .
e erra o tempo do verbo e esquece a concordancia .
e o sotaque mais forte , e a bandeira branca .
eu me rendo .
me rendo à vida .
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