27 de dezembro de 2023

Adeus PC Siqueira

 O PC Siqueira foi o primeiro Youtuber que eu conheci, através da minha amiga @ari.joliv que me contou que ele tinha tatuado uma molécula química, e eu apesar de muito de humanas desde sempre, tinha a tabela periódica no meu coração. 

Muito underground e contrariada eu timidamente procurei mais sobre ele, e descobri inclusive que tínhamos amigos em comum, vide galera de Barueri, nunca depois da minha fama de blogueira no twitter curti celebridades ou sub celebridades, minha curiosidade acabou no casal Bárbara Paz e Supla, mas vez ou outra meu caminho cruzava com as falas do PC. 

pedofilia e etc... nem sei se esse era o caso. Inclusive assumo, que faz um bom tempo que me anulo de opiniões, não quero pactuar com a branquitude

Nádia Lapa, Pitty, Mallu Magalhães, Caetano Veloso, e tantos outros que foram ou podem ser questionados. Quem não pode não é mesmo? 

Não sou juiz, tampouco advogada de ninguém

Mas, quando recebi a notícia hoje... demorou pra cair a ficha, nem sabia de sua tentativa de suic1d10 meses atrás, PC é pra mim, é hoje um desconhecido 

Que buraco no meu coração. 

Eu lembro claramente grávida do João, com a cara e a coragem e muito cansaço de um dia todo de trabalho ter pedido pro Ricardo me levar no Sesc Osasco onde Clara Averbuck palestraria, e lá ela comentou sobre PC Siqueira que apesar de controverso, tinha muito que mostrar pra os garotos em formação 

Lembrei do quarto apertado da Ana Patricia e Ariane, onde eu me refugiava por vezes da violência de um pai alcolista e violento, onde eu podia falar sem medo, onde eu tinha abraços e risadas, lembrei da Ari que está a um continente de distâcia, e de todas as vezes que desejei estar mais perto. 

Lembrei de sonhos bonitos com Dora, mãe da minha melhor amiga da adolescencia, que vez ou outra aparece pra me benzer, pra me proteger e me lembrar de quem sou eu

Lembrei que eu prometi ser mais presente pros meus amigos e família, sem nunca ser condescendente 

Eu não quero passar pano, nem a mão na cabeça de ninguém, eu não quero ser porto, nem âncora puxando pro fundo de um poço 

eu quero ser luz, eu quero ser farol, eu quero estar

PC, obrigada por todas as dúvidas plantadas em minha cabeça já muito problemática, obrigada por me fazer conceber que eu conseguiria sim ser mãe de menino. 

Desculpa não ter ficado

MASPOXAVIDA, eu queria ter feito mais. 

Fica em paz e dê um abraço apertado no Chez, eu sei que cê gostava tanto quanto eu 


Ps: ver esse vídeo de novo me destruiu. O Chester e o Linkin Park ao contrário do que os poucos adultos que me viam na adolescencia pensavam, não me incentivava a pensamentos suLi1das, mas me fazia sentir amparada, sentir comum e normal, o que sim, era muito longe de toda minha galera SUD alto astral de família bacana

A minha vida era traumática, violenta e muito, muito dura. A minha realidade era e é bem diferente do que essa galera (que eu amo) tinham e tem. Só queria que as pessoas olhassem pra além das minhas falhas, pq sim, afinal eu fiz muito, eu andei muito, eu evoluí muito, e ser perfeita não era possível, e continua não sendo. 

"Fique do lado das pessoas que você gosta, fique do meu lado, pq eu também tô do seu lado, você não está sozinho" PC SIQUEIRA 

O cenário só mudou, deixou de ser uma briga com um garoto na frente do bispado, ou num domingo de proselitismo pra ser o segurar a mão de alguém num bar, na escola ou num hospital. Eu nasci pra servir, e isso, definitivamente não me impede se sentir, de sofrer de dividir a dor ou de falhar miseravelmente em ser nobre ou santa

Estejam aí pra dividir as dores, nem sempre, nem na gestação, no parto, no puerpério ou na vida vai ser fácil e bonito, seja você, estranho, seja você abrigo. 




29 de outubro de 2023

Fragmentos do Paraíso - Jonas Mekas - 47ª Mostra de Cinema de SP

Depois de anos sem ver um filme que realmente chamasse minha atenção no cinema, eu aproveitei a Mostra de Cinema de SP no IMS pra ver Fragmentos doo paraíso, da diretora KD Davison, que trata de Jonas Mekas, pai do cinema independente americano. 


O cara é um dissidente, que não pertence a lugar nenhum a tempo nenhum, um poeta, um romantico, um historiador, gentil. 




"Por mais de 70 anos, o cineasta lituano Jonas Mekas documentou sua vida, no que ficou conhecido como seus filmes-diários. Da chegada à cidade de Nova York em 1949 até sua morte, em 2019, ele narrou o trauma e a perda do exílio ao mesmo tempo em que foi pioneiro em instituições de apoio ao crescimento do cinema independente nos Estados Unidos. O documentário analisa a vida e a obra de Mekas, a partir de milhares de horas do próprio trabalho do diretor, incluindo registros nunca vistos, e depoimentos de Peter Bogdanovich, John Waters e Martin Scorsese."



Eu ri de lado, eu chorei copiosamente, eu entendi muito de muito que já vi por aí e descobri de onde partiu, e agradeci silenciosamente a Mekas. 


Tem Lee Ranaldo, Phong Bui e Jim Jarmusch, tem o velho e o novo, tem chuva, tem Allen Ginsberg como eu nunca vi, tem Lennon e Yoko. Tem amor, tem separações, tem fragmentos de paraísos. 


tem algo que me fez escrever de novo depois de tanto tempo. obrigada Pamela Gomes por me acompanhar, por ser amiga, por ser sempre ombro, colo, ouvidos e coração. 


Obrigada Jonas Mekas por me fazer sentir de novo.