30 de junho de 2011

COMO ESQUECER UM TETO DE ESTRELAS?

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A dor é tamanha, que chega a atingir cada átomo, cada célula que há em mim.

. eu tento não confundir letras
eu omito palavras, desejos.


.eu finjo
eu fujo
eu te assusto?



10 minutos, e eu me pergunto
é obsessão?



PAGE DOWN
até quando?

. a vontade some.
os livros, os discos, as revistas
as folhas em branco
a frase que eu não ouso terminar .


Posso efetuar o cancelamento ?
das memórias, das lembranças de
estrelas no teto.
de tudo que sinto. daquilo que minto.
o dia é bonito, não chove;
faz frio,

você morre
em mim.


eu
(desejo)
te.

Eu repito, eu insisto.

A tela azul

. o fone toca, as vozes alternado-se entre sarcasmo e alteração. ( HÁ ENTENDIMENTO? )

. o papel branco, colado na tela, informando o horário de brincar.



Eu finjo que esqueço, mas as vozes conhecidas, tão conhecidas, amigas (?) insistem em me lembrar.

Tenho medo de quebrar cadeiras, mesas, unhas, pescoços. Tenho nojo, asco. As cenas insistem em se repetir na minha cabeça.


O papel amarelo, os dedos amarelos.



. penso na possibilidade da verdade. penso nas unhas quebradas, no trem passando. no quarto vazio. na sua mão na minha.


A tinta preta insiste em falhar
e por algum motivo eu repito
sem parar eu repito
insisto.


e insisto em não parar. em repetir
eu crio cenas, eu moldo sensações.
eu censuro lembranças
eu condeno beijos.
eu cometo erros.


. eu viro a folha, e nada vejo. eu minto , o que eu vejo?
eu vejo. o fim
eu temo. eu tremo. o trem passa, e eu me lembro.






O SAPATO AZUL

O SAPATO AZUL

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Comprei um sapato azul, modelo antigo. Todos gostam.

Perdi meu celular, na mesma noite que comprei o sapato azul.

Perdi a vergonha, perdi a boa reputação, perdi você. Perdi a chance, a vergonha na cara.

Cai do barranco, chorei, rastejei aos pés de um cara qualquer. Beijei vários caras, dirigi um caminhão.

Eu comprei um sapato azul, pensei que talvez houvesse a possibilidade de ficar mais bonita , perante seus olhos. Você não reparou.

O cara da varanda. O cara que me fez ver estrelas, mesmo sob um teto e quatro paredes. O cara que me beijou, que segurou forte a minha mão. O cara que sentou na varanda, adivinhando se a tarde choveria ou faria sol.

O cara que me encantou. Aquele que viu desenhos comigo, que passou a manhã disputando na sorte/azar quem levantaria pra fechar a porta, aquele que deixou pequenas marcas pelo meu corpo.

O cara que me rejeitou. Que me olhou, bem no fundo dos olhos, e fingiu que nada aconteceu. O cara que me beijou no rosto.

O cara melhor amigo de uma colega.

Uma colega, que se preocupa muito comigo, com o que sinto, com o que penso, com quem sou. Uma colega que gosta muito do sapato azul, que eu comprei pra ficar bonita pro cara , aquele cara.

Uma colega que depois de ser chutada por um amigo, foi beijada pelo cara, que não reparou no meu sapato azul.

O cara que não reparou no meu sapato azul, beijou a colega que muito se preocupa comigo . Ou seria ela que beijou o cara da varanda.

Eu já nem sei quem é esse cara, eu nem sei como posso chama-lo.

Eu tenho medo de encontra-lo novamente.

Tenho medo de vê-los juntos, mãos dadas, beijos doces, risadas leves.

Eu tenho medo de chorar para que todos vejam, eu tenho medo de recuar. Eu tenho medo da palavra amar.

Pensei em comprar um sapato vermelho, pra combinar com as unhas descascadas, com o novo corte curtíssimo de cabelo.

Domingo, churrasco e amigos.

A colega que muito me gosta, e a incógnita que o cara se tornou lá estarão.

Sapato vermelho? Esmalte vermelho? Baton vermelho ?



Carne crua, coração moído?

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6 de junho de 2011

De ONTEM para HOJE

São 10h da manhã de uma segunda-feira FRIA.
Eu ouço João Gilberto, e penso que todos deviam se calar, ante a tal.

Eu penso que se tivesse tido tempo, teria aberto menos latas de sardinha, machucado menos o joelho, tomado mais analgésicos, e menos anti-depressivos.

Eu penso que se tivesse tido tempo, planejaria a vida com mais constância, com mais humor, com mais previsibilidade, porque enfim - essa é a grande motivação para - planejar algo.

Se tivesse tido tempo, e coragem teria te dito coisas bonitas. Mas não sou capaz de algo assim, já faz muito tempo.

Se tivesse tido tempo, te mostraria minhas canções favoritas, tristes, melancólicas, cantadas pela LINDA da Maysa, te arrastaria pra Bossa, te levaria comigo enquanto cantaria baixinho um canção de amor.

Penso que se a vida tivesse me permitido, eu me permitiria mais. Até mesmo compor um poema em espanhol, até mesmo aprender uma canção em latim, um mantra em mandarim.

Se a vida tivesse me dado mais tempo, falaria a verdade, sem medo, desataria o nó preso em meu peito.

Desataria nós. noz. nós.

Se você tivesse me permitido.
Eu talvez tivesse mais coragem pra me permitir.

Pra não partir.
Coragem pra um dia me mostrar inteira pra você.


se ONTEM eu soubesse tudo que sei HOJE, teria economizado um bocado de lágrimas, comprimidos, e abraços.


letras espaços, sonhos.