11 de abril de 2011

Sobre ontem a noite.

fragmentos de brisas do caderno da brisa >>> Casa da Ana C.

Penso nas marcas, penso nas marcas e vejo os sinais pelo meu corpo.
A letra é miúda, menor que a de costume, a experiência é nova - na verdade - não é. O lugar é novo, mas a sensação é a mesma. Sentar e te esperar chegar. Chegar e esperar.
não quero ser uma obrigação, não quero abrir a janela e ver a imagem de uma vida perfeita.
eu não quero chorar sozinha na cozinha.


Porque depois que eles se vão, só restam as marcas, estampadas no meu corpo, no meu rosto, estampados em mim. Talvez seja por isso mesmo que eu sempre me prendo a detalhes tão pequenos, a isqueirinhos no sofá.

Eu penso antes de escrever ,o que dificulta a escrita [...]
tudo o que eu queria, era sentar lá fora e adivinhar se hoje vai chover ou fazer sol.

A folha em branco, só dificulta ainda mais a situação. Eu tento não tornar as coisas tão pessoais, mas eu não consigo. Eu tento não me importar, mas eu não consigo. Eu tento não te olhar, não te ver, não te querer ... então eu quase paro se respirar. E é bom.

Quantas marcas mais serão precisas para me ensinar, ensinar a viver, a não ver, a não crer.
Eu tento eliminar o EU, eu tento ser imparcial, impessoal, mas eu tento, eu tendo e tendo ao fracasso.
As garrafas enfileiradas no conto da cozinha, eu não consigo dormir. Eu não consigo pensar.



Eu não consigo terminar,
e o que é pior
Eu sequer consegui começar.

o trem passa tão depressa,
a vida também.


- queria saber desenhar; queria poder me lembrar de cada detalhe. queria te emoldurar
queria esquecer, queria não falar tão alto, queria tanto: não querer.


Eu te acompanho até o ponto, eu ouço a sua respiração. Te levo para tomar um ar, te convido pra dançar, mas você nem vai me notar.

" Dias sim , dias não
eu vou sobrevivendo,
sem um arranhão."

e as linhas acabam, e a vontade. e a fome aumenta, e a falta cresce.



E o objetivo mais uma vez é alcançado
o telefone desligado, cigarro apagado, quarto escuro, manhã de segunda-feira.
adiando, adiando.

poderia dizer que tive um deja vu, mas na verdade - eu vislumbrei o futuro. E o futuro, ao menos o futuro próximo, é tão previsível.
estou adiando, estou odiando, estou juntando forçar para ir.
E esse cheiro me sufoca, essa sina me persegue provocando pensamentos melancólicos sobre mim, sobre gatos, sobre sábados de tarde na sua casa, vendo filmes, ao seu lado. - vislumbrando um futuro que jamais vai chegar -

as linhas vazias, denunciam minhas frágil instabilidade, meu redundante estado.
Bom dia.




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