20 de julho de 2011

essa dor que não é só minha.


Por que eu escolho cuidadosamente a roupa com que vou dormir, por que mesmo sabendo que ninguém vai me ver nesses trajes, mesmo trancando a porta, fechando a Corte, girando a chave, eu me importo.
Por que eu corro pra escrever, antes que a ideia se esvaia, e ela se vai, esvaindo-se pouco a pouco, a cada palavras, a cada vírgula.


Penso no frio, logo, posso senti-lo.



Eu escrevo aos poucos, eu sou aos poucos. Eu vou vivendo aceleradamente, meu modo de viver, não respeita, meu ser, meu eu, meu tornar-se.
Eu respiro rapidamente, eu corro, eu grito, eu rio alto, eu sou tudo, eu me sinto nada.
As coisas já não satisfazem-me mais, eu vivo, mas a vida não me atrai, não me basta, eu quero mais. Mais do que a vida pode proporcionar?
Perigosa frase, perigosa colocação, peço em pensamento que o deuses me perdoem, me dirijam, se omitam.





Me nego, me nego, eu ouço a voz baixa do cara saindo das caixas, eu penso na luz apagada, eu penso no ultimo final de semana.




Dormi com um cara. Enquanto escorriam lágrimas de meus olhos, ele entrava e saia de mim.
Não era por ele que eu chorava.
Não é por ele.




E eu sento na mesa do bar.
E as cores alternam-se em contraste com a tristeza dos presentes, uma música alegre insiste em perturbar.
Eu escorrego pela cadeira, e olho o céu.
O céu muito azul, muito escuro, há uma árvore, as flores de cores fortes,
penso em Frida Kahlo e em suas cores, em suas coxas e coragem.
Penso no casal aos abraços, penso no olhares indiscretos, nos sussurros, em quartos com estrelas no teto.


Tenho medo.


Guardei as cores dentro de mim por semanas até expo-las .
Chorei, gritei, fumei, bebi, dormi.
Fingi.


Fingi não ver, olhei pro céu e vi flores de cores fortes.



Eu quis morrer.
Um suicidio coletivo, uma amiga sugere entre risos.
Eu rejeito a ideia antes mesmo de analisa-la.
Algo na coletividade me incomoda.
Não entendo, nem aceito as dores do mundo, as dores alheias.
Eu sofro, e minha dor me parece tão mais languida, tão mais dolorida, tão mais importante (?). O mundo me parece tão mais injusto,.

essa dor me parece não minha, tão conhecida, essa dor que não é só minha, a dor que sofro sozinha.

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