27 de novembro de 2011

afirmo-me na negação do ser.

e o sábado é quente , e o céu é azul e as nuvens a brincar de esconde-esconde .
 
e lá vem a chuva de verão, e aquele cheiro de terra molada , e o vapor que vem do asfalto . 
e o céu fica cinza e eu sinto falta daquele ponto de paz . 
e eu sinto falta daqueles passarinhos cantando, daquele calor , daquela cidade .
 
e eu sinto saudade da minha vida . 
essa vida não é minha , esse corpo não é meu . 
me devolvam as magoas , as lágrimas, as divagações .
 
eu não quero esse copo .
 
e o copo esta cheio , a cerveja esta gelada. 
e luzes ofuscam os olhos , e a blusa aperta o meu pulso .
 
e eu surto, eu mudo , eu grito , eu .
 
já nem sei quem sou . 
afirmo-me na certeza do ser . 
desconfio da pseudo-existencia .
 
eu quero a morte, eu quero a solidão , eu quero uma jarra e um porta de vidro . 
eu quero uma praia , eu quero .
 
afirmo-me , afirmo-te , nego-te . 

20 de novembro de 2011

eu sou egoísta

e essa melancolia que me consome, quase que se perde de mim.
e esse domingo triste que nunca mais apareceu.
mas que saudade dessa tristeza, desse aperto no coração.
saudade do orgulho  Narciso Invertido . saudade de me escutar. de não dizer palavras sem sentido, a fim de agradar o público .

saudades de ficar sozinha no palco com a cortina fechada, ouvindo Thom Yorke .

tenho medo da continuidade que me assola. não quero o mesmo trajeto, o mesmo amor, as mesmas palavras ou livros.

eu quero a sorte de um amor perdido .
eu quero desacreditar, fazer-me cética . eu quero fechar os olhos e não ver ninguém.

eu me quero de volta.

porque eu sou egoísta a ponto de ter inveja do amor que dedico a outrem.
eu me quero por inteira.

eu não quero me vender, não quero separar-me de mim .
eu não quero a lógica, eu não quero o amor.

eu me quero.
volta pra mim ALBUQUERQUE, Tairine. volta?

13 de novembro de 2011

o mar que me tornei

E a última noite foi prova que o amor não é tão chato ou patético quanto eu sempre preguei.
e esse meses me provam , esses novos dias -  e o calor e a chuva confirmam -  que amor não é aquela sincronia perfeita , nem aquela noite estrelada de final de romance água com açúcar, nem aquele mar tranquilo de azul contínuo que eu sempre esperei . 

mas quase como a amplitude do céu azul, tão negro . água tão límpida... folha em branco, reciclada ou não .
amor composto de dias perfeitos, dias chuvosos, sinal fechado, varanda e romances. 

e estrelas coloridas no teto , nem sempre são pra sempre. nem sempre são de verdade . 
mas as borboletas no estomago são . mas os banhos gelados, e os olhares cuidadosos são . 
pulam-se poças, atravessam-se esquinas, perdem-se chaves, briga-se pelos horários , olhares - aos milhares. Mas ao deitar-se , no tocar dos lábios, as borboletas borbulham ; sim , como bolhas. 
 como o pleonasmo das palavras. 


E a vida vai rolando, e o vinil lentamente tocando, e as páginas virando-se .
Eu escuto aquelas velhas músicas, e tenho aqueles presságios de tardes quentes. O céu sem nuvens, aquele amontoado de livros, aquele suco gelado, e aqueles poderes que eu pensava deter . lembro de círculos de sal, mandingas e simpatias. 
E eu penso em gatos, em molas e em caixas. Quase um labirinto .

Eu quis , eu já quis um Dostoiévski, eu já quis o Bukowski, eu já quis um quase Liam . 
eu já quis um chapéu pra me proteger do sol. eu já tentei não usar  coração . 

o sol ardendo e eu levando o chapéu na mão, sem protetor solar , óculos de sol, ou roupa apropriada pro verão.

eu já estive no árido, eu já sequei por dentro e por fora. 



e eu chorei , e derramei litros e bebi litros que encheriam piscinas, e já contei repetidas vezes minhas quedas de telhados e barrancos, porque eu amei . 
eu o amei . e eu sofri . 

eu sonhei , mas percebi que todas aquelas emoções baratas descritas em filosofias gritadas no balcão, são bem menos possíveis , são bem menos interessantes do que essa realidade que vivo . 

presenciei afogamentos em álcool e drogas, escrevi sem parar em folhas e revezei canetas, já me sobressaltei  e pensei amar . 

como um balão que não quer voar, depois de tanto calor , depois de tanta dor , num voo incondicional.
voo germinal .
porque eu canto e voo. não muito longe do chão . eu mergulho, não muito longe da praia . eu nado sempre perto das bordas da piscina . 

eu deixo que a memória e a escassez de pensamentos fluam . 
eu pergunto,porque tantra munição . 
eu pergunto porque tanta solidão . 


presenciei momentos . que não quero descrever . e ao relembrar , percebo que tudo não passou de um longo presságio; que me fez acreditar que o amor não é um conto de bar . que amor não se copia de BUKOWSKI . Que o Oasis nem sempre fará minha trilha sonora . 

eu tenho medo der parar e não conseguir continuar , eu escrevo,eu vivo lentamente, não paro para pensar , para avaliar .

eu parei ,eu cheguei , ele chegou. 

o amor, a realidade do amor . 
que não é conto de fadas, que não fi descritos em contos , que n]ão se discute em bar, que não é um single do verão. 

preciso dizer que essa minha lucidez me trouxe a felicidade, não aquela de cinema , mas aquela que não acaba . 

porque é felicidade. 

não alegria passageira que foi o que você. o que vocês, o que foi aquilo, o que é isso que vocês ainda insistem em 'viver'.

porque agora a água brota , suave e límpida . 
porque os odores são particulares,e só eu os sinto, porque eu mergulho . 
no mar que me tornei . 


You made me feel like the one



por que como num carro em movimento com o vento no rosto .
por que aquelas viagens que não fizemos, e aqueles lugares que nunca fomos , me faz pensar no amanhã .

e ao amanhecer a certeza que permanece , é que você estará ao meu lado quando eu acordar. que eu não tenho que te pedir pra ficar .

por que você me faz sentir única .
por que por melhor que fosse o amor dos anos 70, por mais lindas que as músicas do Oasis sejam . por mais que eu tenha sofrido , e acreditado nas estrelas de plástico no teto ; você me fez ver além .

e você me faz sentir única , e você me faz rir pateticamente e eu te odeio por isso .

e eu nunca imaginei que tudo fosse tão diferente e ao mesmo tempo tão próximo do céu .

por que o amor não é igual aos ideais discutidos em mesa bar , não é como os filmes água com açúcar de domingo , tão pouco perfeito como dias de verão .

o calor me cansa, e a perfeição também .

você passa longe de ser a pessoa perfeita .
mas me fez descobrir que estrelas de verdade não se grudam no teto. e que a vida , assim como nosso amor está lá fora na imensidão do céu sem nuvens , na imensidão do amor que sinto por você ,que me ensinou que não se mede o amor .


e me faz usar mais um clichê ao dizer :



'You made me feel like the one
You made me feel like the one
The one'


4 de setembro de 2011

' Para obter ajuda, pressione F1 '


E quando o sol parece aquecer até as sombras mais frias. E o quando as nuvens brancas  desenham abstratamente o céu azul.
O sol é quente. e eu sinto frio.
Eu me esforço para não chorar, para que as lágrimas não transbordem.
Eu tenho medo.
sinto falta do papel em branco. 
procuro lenços de papel pela mesa, para colori-los e rasga-los com dores e lágrimas.
ele me abraça e nem parece o moço que me disse palavras tão duras. 
eu sinto medo, eu sinto frio, eu sinto seu calor e me pergunto se faz diferença, e até quando fará diferença.



e as lágrimas brotam , e as palavras escorrem, e eu não me contenho e te culpo, te condeno , me martirizo.
e as coisas não são mais tão simples. 
e as cores não são mais bonitas. 
e até as flores de plástico morrem , com essa fumaça, com essa dor .


e a garota que caiu de telhados e telhas, ralou os joelhos nas pedras, fumou um maço de cigarros em minutos, andou sozinha na multidão, beijou desconhecidos, dormiu com amigos, abandonou princípios, perdeu a moral.
o coração dói , a garganta aperta, e ela sente.
e eu sinto dor. 
por que eu mal consigo relacionar  a primeira pessoa do verbo singular  com a imagem refletida no espelho.
há goteiras no teto. 
há paredes pichadas. 
há buracos no coração. 
há no estomago um vazio incomodo.
HÁ. 
haver. 
havia. 
avião.
quase um poesia concreta. 
quase uma etmologia clichê .
e as lágrimas insistem em inundar baldes, e afogar formigas; manchando meu rosto com grandes olheiras roxas, e afastando as pessoas .
e eu mudo. 
e mesmo que mude.
e eu penso em pular de paraquedas, tomar uma overdose de anti-depressivos, tomar banho de cachoeira na chuva, e 'rever' amigos nunca vistos.
E eu sinto falto do Johnn,  meu amigo tão querido. 
E eu sinto falta daquele sotaque mineiro, que só escutei uma vez.
E eu quero decolar toda manhã e sumir toda noite. 
queria voltar a assistir Felicity, mas minutos atrás o que eu queria mesmo era ver Mundo Perdido.
eu queria escrever infinitamente, sem sentir dor, sono, frio ou medo. 
eu queria .
querer. quero. querer.


e a cabeça balança em sinal de negativa. 
eu lembro de um tempo remoto. 
de uma viagem. 
de uma namoro , de como era o amor.
o amor mudou de casa, endereço, fase , face. 
eu não o conheço mais. 
ele bateu a minha portam, eu abri. 
ele me amedronta.
ele me faz esquecer o que eu ia dizer.
cabeça de dinossauro. 
quem disse que as flores de plástico não morrem , e que adultos tem 32 dentes?
' Para obter ajuda, pressione F1 ' 
F1.

7 de agosto de 2011

cais e terra firme.




E ai o sol nasce de novo.
E ai parece que nem o bonito sol, o céu azul, as poucas nuvens branquinhas desenhando abstratamente o céu, farão diferença.

E ai você fecha os olhos, e torce pra que a noite chegue logo. Pra que o céu escureça, pra que o dia termine.

Mas amanhece novamente, e a música suavemente te acalma. E as luzes se apagam.
E o que você quer é um domingo no parque, embaixo de uma árvore, tomando sorvete, dividindo fone de ouvido, rindo de piadas repetidas, contando histórias exaustivas, torcendo pra  que o relógio pare.

O tempo para, EXATAMENTE, naquela tarde insuportavelmente quente, naquele tapete, naquela noite, naquele bar, naquelas lágrimas.


E as músicas se repetem, e as cenas também.
E as lágrimas escorrem.

E nem toda positividade, e nem toda a felicidade parecem  suficientes.
Então eu inverto os números, invento palavras, crio neologismos, uso eufemismo. TENTO ME ACALMAR.

Então eu grito.
Porque há o DIREITO ao grito.
Cês sabe. Já dizia Clarice L.


eu confesso.
tenho  medo.
não uso pontuação da maneira correta.
não me comporto.
me porto.
no porto.

espero um dia entender. e aportar.


23 de julho de 2011

a porta aberta

e eu aqui. 
sábado.
noite fria. eu aqui sozinha. 

eu ouço 'música pra homem' , e sento com as penas abertas. 
eu rio baixo. 

e eu tenho um segredo pra contar. 
. eu faço parte de um clube. 
. o clube dos canalhas. 
rs rs 

 ' não há nada de extraordinário na situação, 
o segredo do sucesso é a moderação, ter um dia sim, um dia não. '

 ' se não há nada que abale a sua paz, nasceu sabendo como é que se faz.’

e as pessoas contam suas histórias. 
e eu as escuto. 

e tenho vontade de abraça-las , cuidar para que nenhum mal volte a ocorrer. 
e cuido, abraço, choro, consolo. e apunhalam-me. 

e eu perdoo. finjo que não fui atingida. 
e eu sorrio entre lágrimas. 
e eu fujo, insisto, minto. parto. 


e eu odeio. e eu sofro. eu sinto a dor do mundo, nas pontas dos dedos, nos lábios frios, no vento que me toca. 

e quando anoitece, eu temo, eu tremo de medo, de frio. 
e eu me refugio no quarto, nos livros, nas músicas , nas vírgulas e nos pontos. 

eu temo, deixar ir. 
eu temo não saber o segundo seguinte. 
eu sigo nas adivinhações diárias, jogando cartas , búzios. 
esperando que um dia o Zé vire Rei. 

eu leio a borra do chá, eu compro um varinha. 
condão. eu digo mentiras, chamo-as de inverdades. uso eufemismo. 
pra não dizer: TE MATAR. 

digo TE ESQUEÇO. 

e eu não sei escrever. 
e eu vou pro bar. 
e eu não sei escrever. 
e eu escrevo pelas madrugadas, 
perco os óculos, a base, o chão, os riffs. 

e eu escolho as cores, colorindo o boteco preto e branco, manchando-o com borrões vermelhos. 

eu assisto desenho animado, 
deixo a porta aberta. 

você pede que eu a feche. 
presságios. 

devia ter fechado a porta do meu coração naquele instante. 
devia ter dormido do meu lado do tapete, 
visto meu desenho favorito pela 32ª vez, gritado, comido meu pão de queijo. 

aprendi com você 

a não dividir sofás , pães de queijo, tapetes. 
aprendi a fechar a porta. 
a emperra-la. 

eu me preocupo com o tamanho do texto, mas não me preocupo se você um dia vai lê-los. 


 - penso em : 
no dia de partida, da despedida
te entregar meus escritos, enrolados e unidos por um barbante. 

e eu recuso uma dança, e eu te olho de canto, e eu canto alto , e eu minto alto:

escrevendo com batom vermelho, na porta que continua aberta
o que só você sabe ler.