4 de junho de 2012

doze andares e o vizinho

doze andares , desço correndo .
é muito , é demais , é impossível .
a vida e suas impossibilidades, sempre repito , repito , repito . esqueço .

não vai adiantar fugir , a sanidade não volta tão cedo .
deixe-a ir . repito . repito , repito , sento na escada .
medo de subir . medo de cair . medo de ficar .

apartamento novo , marca de aliança no dedo
solidão . a solidão enfim  conquistada, longe de casa , da familia , dos amores, dos problemas .

abro a janela agora ,
fecho os olhos .

não , não consigo , não consigo escrever , criar enredos , criar cenas, continuar a fazer sentido por mais de três parágrafos .

eu subi as escadas lentamente e repito , repito que isso é passageiro .
que a impossibilidade enfim chegou ao fim .

é . é ele .
no meu andar .
ao lado do meu apartamento .

eu preciso ser forte .
pra manter a calma .
perceber que vai além do que eu consigo ver .

ele será meu vizinho .

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