28 de junho de 2012

a esfinge que mente


ah as garrafas , as garrafas cheias , as garrafas vazias .
 
os olhos . 
a boca, a vontade aumenta , calor crescente , cessam as palavras , os movimentos tornam-se lentos, o tempo ensaia a pausa , e passa , assim lentamente , pausadamente , repetidamente .
 
e os copos na mesa , logo rolam pro chão, rolam pelo tapete , a cortina esvoaçando .
 
e o tirar de roupa de pudores , de pecados . 
sua mãos hábeis , sua boca quente , seus olhos me devorando .
 
decifra-me ou devoro-te .
eu menti . 
você decifrou-me e devoramo-nos .

você mentiu . 
fingiu decifra-me e eu me despi , eu nua , as palavras amargas , todo desassossego , desesperança .
 
eu destilando toda a dor , curando a dor com destilados . 
você fugindo dessa realidade tão dura , eu me desculpando por me desculpar .
 
eu já ouvi essas palavras , eu já vivi essa mesma agonia .
 
amanhã vai chegar , e eu sei como será . 
dia de sol , e o calor , e a pele e os olhos que ardem
 
acordaremos tarde, caminharemos sem pressa  .
 
você segurará firme a minha mão e na despedida , não te olharei  , te levando a entender o meu não querer .
 
eu me vou . você se vai .
e novamente a vida voltará a estaca de dura realidade .

se esvai .

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